28 de março de 2010

Por que alguns vinhos são envelhecidos em barris de carvalho?


Você já deve ter se perguntado isso, afinal de contas vemos facilmente as pessoas comentando sobre vinhos e ressaltando essa particularidade. “Esse foi envelhecido 12 meses em barril americano” ou “esse vinho não passa por madeira” e por aí vai, afinal os exemplos são infinitos e tenho certeza que você já entendeu.

Mas afinal, por que alguns vinhos são armazenados em barris de carvalho e outros não? Qual o critério? Quanto tempo armazenar?

Vamos falar um pouco sobre isso agora, mas é importante ressaltar que as variáveis são muitas e muito técnicas. Como o papo aqui é de enófilo (o apreciador de vinhos) e não de enólogo (o profissional que produz o vinho), vamos abordar de forma simples e direta.

Os barris são feitos de carvalho, que como toda madeira, tem uma certa porosidade. Essa porosidade atua trocando oxigênio com o ambiente, em micropartículas, durante o tempo em que o vinho está lá dentro, ajudando-o a evoluir. Além disso, na parte de dentro dos barris a madeira é tostada (eles queimam com um maçarico mesmo) e pode ser de vários níveis (tostagem alta, média ou baixa) e isso vai ajudar a dar o sabor ao vinho. A madeira também tem taninos, que são “trocados” com o vinho durante esse período de armazenamento. Ou seja, a utilização da barrica é uma forma de afinamento do vinho, que tem o intuito de torna-lo mais macio e gostoso de beber.

Existem diversos países que produzem barricas, mas as mais comuns e mais encontradas são as francesas e as americanas. Cada uma com suas características específicas.

Nem todo vinho deve ser armazenado em barris de carvalho antes de ser engarrafado. Em via de regra, os vinhos que passam por esse processo são os que devem ter mais longevidade e que em sua vinificação tiveram uma maior estrutura e corpo. Aí sim é a decisão do enólogo que vai contar (e claro, sua habilidade também será muito importante aqui). Algumas variedades de uvas brancas, como por exemplo a Sauvignon Blanc, dificilmente se adapta ao barril e se passasse por esse processo, perderíamos o frescor tão característico que esse vinho nos traz. Já uvas tintas como a Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat, e muitas outras “gostam” de descansar um pouco mais. Em troca elas nos presenteiam com mais sabor e no caso dos grandes vinhos, com muito tempo de envelhecimento.

Ultimamente temos visto alguns produtores se utilizarem de muita madeira, ou seja, deixarem vinhos por muito tempo dentro de barris. Isso pode torná-los pesados e com aromas muito fortes de carvalho e tostados, descaracterizando o produto. Aqui vale também a regra do equilíbrio e muitos já estão percebendo que isso não é a melhor solução. O que queremos mesmo são vinhos saborosos, finos e delicados, não é mesmo?

*Daniel Perches é sommelier internacional, publicitário e escreve o site
www.vinhosdecorte.com.br

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