25 de setembro de 2012

Cia. das Artes apresenta A Invasão



Final dos anos de 1950, Rio de Janeiro. Um edifício em construção é invadido por integrantes de um grupo de sem-teto no local que ficou conhecido como “Favela do Esqueleto”.

Com direção de Antonio Netto e texto de Dias Gomes, a Cia. das Artes estreia o espetáculo “A Invasão” dia 04 de outubro às 19h, no Teatro Coletivo (Rua da Consolação, 1623). A obra foi encenada pela primeira vez em outubro de 1962 e é baseada em fatos reais.

Texto dos mais polêmicos das obras de Dias Gomes, A Invasão estreou em 1962, sendo proibido pelo AI-5 seis anos depois, ficando engavetado até 1978. O espetáculo um drama intenso e amargo. O autor investiga causas e consequências dos nossos problemas sociais numa linguagem despojada e contundente e aponta soluções drásticas num país onde impera a desigualdade social e vive de politicagem.

Integrantes do elenco realizaram um processo de imersão para ajudar na composição dos personagens: eles visitaram prédios ocupados por sem-teto no centro da cidade de São Paulo e viram de perto a situação das famílias que ocupam estes imóveis. Em uma dessas construções, 150 pessoas moram de forma precária, com iluminação conseguida à base de “gatos” e um único banheiro para todos os moradores. Antes da ocupação, o prédio estava infestado de pulgas e era utilizado como abrigo para moradores de rua e ponto de consumo e tráfico de drogas. “Moradores de prédios vizinhos classificavam o prédio como uma verdadeira cracolândia vertical”, explica um dos atores.

O espetáculo
A marca registrada de Dias Gomes pode ser percebida já a partir da concepção do espetáculo. É dividida em cinco quadros e três atos, uma característica muito peculiar do autor em seus textos teatrais. “Ele escrevia desta forma porque gostava de explicar com minúcia a narrativa ao espectador. Isso é algo que ele trouxe de sua atividade como autor de novelas”, explica o diretor Antonio Netto. Segundo o diretor, a cenografia de A Invasão é composta por bambus, que, de forma eclética, podem se transformar em andares de um prédio em construção, casas ou varais.

A peça é uma espécie de crônica ao Brasil depois de 1964. Dias Gomes quer alertar o povo da necessidade de ser independente. Seu teatro não busca divertir os burgueses. Compõe um painel da vida dos segmentos excluídos da sociedade, com seus sofrimentos e lutas, com a presença constante da opressão e o difícil processo de tomada de consciência de suas próprias condições. É um teatro de revolta, de amargura.

Um pouco da história da Favela do Esqueleto
O esqueleto era um prédio destinado a ser um grande hospital, mas as obras foram abandonadas na década de 30. Toda a área foi invadida, se tornando uma grande favela, que não só ocupava a estrutura, como todo o terreno. Por décadas aquela região ficou abandonada, mesmo depois da construção do estádio do Maracanã. A solução veio no governo de Carlos Lacerda onde a população foi removida. Anos depois, o prédio deu lugar a UERJ, que permanece no local até os dias de hoje.

Sobre Dias Gomes                                          
Novelista, escritor e dramaturgo baiano (19/10/1922-18/5/1999). Um dos mais consagrados teatrólogos e autores de telenovelas do Brasil. Alfredo de Freitas Dias Gomes nasce em Salvador e escreve aos 15 anos sua primeira peça, A Comédia dos Moralistas, jamais levada aos palcos, porém premiada no Concurso do Serviço Nacional de Teatro em 1939. Sua primeira obra encenada, Pé de Cabra, de 1942, é montada por Procópio Ferreira e censurada pelo Estado Novo. Na década de 50 escreve radionovelas. Abandona o rádio em 1964, quando os militares invadem a Rádio Nacional com uma lista de subversivos que inclui seu nome.
Entre suas peças teatrais, a mais célebre é O Pagador de Promessas (1959), com versão em 12 idiomas. Adaptada para o cinema em 1962, por Anselmo Duarte, ganha a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Participa do Partido Comunista Brasileiro por 30 anos. Em 1965, a peça O Berço do Herói, mais tarde transformada em Roque Santeiro, é proibida no dia da primeira apresentação. Estreia na TV Globo em 1969, com a novela A Ponte dos Suspiros. Entre seus sucessos na TV estão a novela O Bem Amado (1973), que virou seriado entre 1980 e 1985, Roque Santeiro (1985/1986), Bandeira 2 (1971), O Espigão (1974) e Saramandaia (1976). Em 1983 perde a mulher, Janete Clair, também novelista, que sofria de câncer. Em 1991 é eleito membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Em 1995 passa por uma cirurgia para implantar pontes de safena. Morre em um acidente automobilístico em São Paulo.

Ficha Técnica
Texto: Dias Gomes 
Direção Geral: Antonio Netto 
Com Jair Aguiar e Miriam Palma
Apresentando: Rafael Dib, Camilla Flores e Guilherme Trindade
Elenco: Marcio Vasconcelos, Ana Carolina Barreto, Bruno Canabarro, Vitória Rabelo, Vitor Moura, João Bonatte, Maiara Lourenço, Francisco Lopes, Priscila Padula, Adriana Andrette, Amanda Alencar, Ariane Sanches, Beatriz Peres, Camila Palandi, Caroline Ribeiro, Cintia Roberta, Denis Mendonça, Edenisia Santos, Evanildo Junior, Felipe Lopes, Giulia Galli, Henrique Quirino, Jéssica Daynara, Lara Rodrigues Oda, Maria Marta, Mariane Paiva, Mariano Rodrigues, Maria Alice Breves, Nathan Campos, Priscila Ramalho, Renata Gabriele, Samy Pereira, Tamara Batistelo e Thiago Cunha.

Serviço
Temporada: 04 de outubro até 02 de novembro
Horários: Quintas e Sextas às 21h
Local: Teatro Coletivo - Rua da Consolação, 1623 – Sala 1 - Estacionamento conveniado
Telefone: 3255-5922 (informações) e 2729-3098 (reservas)
Lotação: 134 lugares / Duração: 80 minutos / Recomendação: 12 anos
Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia entrada) e R$ 15 (antecipado)
A bilheteria será aberta uma hora antes do espetáculo. 

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