28 de outubro de 2013


Festival busca incentivar novos olhares sobre a produção teatral brasileira e discutir conflitos sociais

A I Bienal Internacional de Teatro da Universidade de São Paulo traz para o Brasil uma seleção de produções internacionais e nacionais, que se destacam pela ousadia em desafiar padrões estéticos vigentes. Com duração de cerca de quarenta e cinco dias corridos, a Bienal terá abertura em 31 de outubro e compreende também atividades de reflexão e formação como minicursos, workshops e conferências entre artistas e espectadores. A maioria dos espetáculos acontecerá no TUSP (Teatro da USP). Os workshops e minicursos serão realizados em parceria com a FUNARTE, o Sesc e o CCJ (Centro de Cultura Judaica). Também está na programação uma Tenda no Campus da USP com várias ações.

Será a primeira edição da Bienal que vem sendo produzida há cerca de dois anos e que, a partir desta gestão fará parte da programação permanente do TUSP. De acordo com a pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda, a ideia de um festival desse porte surgiu dos esforços para a internacionalização da USP e da vontade da direção do TUSP de que o teatro voltasse a ser uma referência em São Paulo, o polo cultural do País.  “Temos três objetivos com o evento: retomar a tradição das bienais no TUSP; explorar novas possibilidades de linguagens teatrais, ultrapassando o conformismo; encontrar e trazer propostas que ventilem as concepções teatrais. Para isso tive todo o apoio do reitor da USP, João Grandino Rodas”, afirma Maria Arminda.

Por ser um evento de uma universidade pública, a Bienal abre espaço para artistas que têm obras interessantes, mas que ainda não são conhecidos do público brasileiro. “Tivemos liberdade para escolher espetáculos que estão fora do mercado, mas que trazem discussões relevantes para a produção teatral e para a sociedade como um todo, com grupos de grande qualidade artística”, declara o diretor do TUSP, Celso Frateschi.

As peças convidadas para o festival foram escolhidas a partir do tema “Realidades Incendiárias”, inspirado no mito grego de Prometeu, que rouba o fogo sagrado dos deuses para ofertá-los aos homens, possibilitando toda sorte de criações e produções, das artísticas às científicas. “A partir do tema vamos mostrar como o teatro responde às ebulições sociais, revoluções como a Primavera Árabe, o Ocuppy Wall Street e as manifestações de junho de 2013. Vivemos um momento histórico incendiário. A pergunta a ser respondida é: Como o teatro dá conta desse processo?”, questiona o vice-diretor do TUSP, Ferdinando Martins.

De acordo com os curadores do TUSP, René Piazentin, Deise Abreu Pacheco e Maria Tendlau e Ferdinando Martins, o tema “Realidades Incendiárias” não faz referência apenas aos assuntos tratados nos espetáculos, mas também à forma como eles são apresentados. Os espectadores terão oportunidade de ver obras diferentes de tudo o que estão acostumados, participando inclusive da experiência de imersão cênica, a exemplo da peça “66 Minutes in Damascus”, do diretor Lucien Bourjeily. Nessa apresentação a plateia vivencia a situação de conflito discutida na montagem.

“Não é nosso papel estabelecer qual será o impacto das encenações para os espectadores. Eles poderão participar dos debates e da Roda de Espectadores durante a Bienal e tirar suas próprias conclusões sobre suas experiências”, afirma Deise Abreu Pacheco sobre o resultado das novas formas de expressão teatral sobre o público. “Às vezes, o espectador pode sair da experiência de imersão cênica com certo desconforto, mas ao investigar poderá perceber que outras perspectivas foram abertas em sua percepção”, expõe.

A aproximação entre público, estudantes e artistas é um dos principais objetivos do evento para propiciar um ambiente que fomente a criação artística. “As atividades proporcionam um contato mais próximo com o trabalho dos autores. Isso para quem faz teatro é importante. Fazer com que as pessoas que escrevem para teatro se encontrem e colocar artistas para conversar de forma descontraída sobre as obras é o que alimenta a criação”, declara Maria Tendlau.

De acordo com todos os idealizadores, a I Bienal Internacional de Teatro da USP foi criada para se tornar uma referência no campo teatral, motivadora de inovações na criação e produção artísticas. “Essa é uma ação nova dentro da própria Universidade e também das artes cênicas. Os verdadeiros resultados vão depender de tempo para serem mensurados”, declara René Piazentin.

Para a pró-reitora, o festival tem tudo para se consolidar, fomentando a experimentação e o rompimento com linguagens já consolidadas. Maria Arminda afirma: “O impacto vai ser muito grande. O evento tal como foi montado já revela isso, foi feito para isso. A Universidade tem o compromisso com a formação de novas linguagens”.

Sobre o TUSP

Sediado em histórico prédio da Rua Maria Antonia, 294, no centro da cidade de São Paulo, o TUSP recebe desde 1996 neste espaço uma rica programação teatral, definida por editais de ocupação, além de programações especiais e mostras organizadas com o objetivo de dar visibilidade à pesquisa e produção teatrais de âmbito universitário. O TUSP possui uma equipe de orientadores de arte dramática que atua nos campi da USP no interior, em Bauru, Pirassununga, Piracicaba, Ribeirão Preto e São Carlos.

O TUSP é ligado à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP. Atua como polo gerador de cultura, provocando o surgimento de novas ideias, suscitando o debate e despertando a reflexão sobre questões do fazer teatral no Brasil.

O órgão tem por objetivos difundir e divulgar as artes cênicas, nas suas mais diferentes manifestações e formas de expressão, estimular a criação e o desenvolvimento de grupos teatrais universitários nos campi da USP e propiciar, através do teatro, a integração entre a comunidade interna e externa da Universidade. Realiza encontros, palestras, seminários, mostras, festivais e circuitos universitários, a partir de projetos próprios e em parcerias.

Serviço

I Bienal Internacional de Teatro da USP – Realidades Incendiárias
Data: 31 de outubro a 15 de dezembro de 2013
Programação, fotos e sinopses dos espetáculos: www.kbcomunicacao.com/cultura.asp

Locais:
TUSP (Rua Maria Antônia, 294 – V. Buarque – SP/ 11 3123.5233), FUNARTE (Alameda Nothmann, 1058 – Campos Elíseos – SP/11 3662.5177), Tenda USP (Praça do Relógio, s/n, Cidade Universitária), Sesc Consolação (rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque/11 3234.3000) e Centro de Cultura Judaica (rua Oscar Freire, 2500, Sumaré/11 3065.4333).

Ingressos para os espetáculos:
R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)*.
Local de venda: bilheteria do TUSP (Rua Maria Antônia, 294 – V. Buarque – SP).
Vendas antecipadas a partir de 21 de outubro, das 12h às 19h, na bilheteria do TUSP.
No dia, os ingressos poderão ser adquiridos até o horário de a apresentação.
Estão limitados a 4 ingressos por pessoa para cada apresentação.

Espetáculo Macbeth: Leila & Ben: a bloody history
Local de venda: Unidades do SESC
R$ 20,00 | inteira
R$10,00 | usuário matriculado no Sesc e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino);
R$ 4,00 | trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes)

Eventos gratuitos:

As conferências, partilhas incendiárias, curtos-circuitos e rodas de espectadores serão gratuitas.

Os ingressos para eventos gratuitos realizados no TUSP serão distribuídos no dia do evento, duas horas antes do início. Para eventos realizados na Funarte e no Centro da Cultura Judaica, os ingressos serão distribuídos nos locais de cada atividade, uma hora antes de seu início. (1 ingresso por pessoa)

Os workshops serão também gratuitos, limitados a 25 vagas para cada um. As inscrições devem ser feitas por e-mail a partir de 21 de outubro, mediante envio de currículo resumido e carta-interesse para tuspline@usp.br. Mais informações no catálogo ou no site da Bienal.

A abertura oficial da Bienal acontece no dia 31 de outubro, com conferência de Jorge Dubatti, às 20h, no TUSP, em São Paulo.

*Meia-entrada: Para estudantes mediante apresentação de carteirinha ou comprovante de matrícula válido para o ano vigente; para maiores de 60 anos; professores e funcionários da USP mediante apresentação de carteirinha ou hollerith; professores da rede pública estadual e municipal mediante apresentação de hollerith ou carteira funcional emitida pelas respectivas Secretarias de Educação.

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