1 de dezembro de 2025

Produção de bicicletas no Brasil avança e projeta crescimento até 2030




Competição acirrada e tributação elevada desafiam fabricantes fora do polo industrial


Texto: Sérgio Dias
Foto: Divulgação

O mercado brasileiro de bicicletas registra expansão contínua, sustentada pela maior busca por mobilidade acessível, uso recreativo e fortalecimento de marcas regionais fora da Zona Franca de Manaus (ZFM). Após anos de oscilação, a produção nacional voltou a acelerar e apresenta alta consistente em relação a 2024, acompanhada por maior dinamismo nas vendas e no emprego industrial.

Segundo Cleber Rossini, CEO da Verden Bikes e membro do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE), o avanço do setor ocorre em meio a forte competição. “Há uma guerra de preços em curso, especialmente nas categorias de primeiro preço e na linha infantil. Isso pressiona margens e dificulta investimentos em inovação”, afirma.

Os dados indicam que bicicletas infantis e infantojuvenis continuam representando parcela relevante da produção, enquanto modelos tradicionais, como as MTB aro 29”, sustentam boa parte do crescimento. A modernização industrial, com a adoção de processos que utilizam Inteligência Artificial (IA), tem ampliado a produtividade e permitido a expansão do emprego, mesmo em cenário de volatilidade.

As projeções para médio e longo prazo reforçam perspectivas positivas. O mercado brasileiro de bicicletas deve crescer 25% até 2030, impulsionado por demanda reprimida, novas tendências de mobilidade e maior penetração de produtos de valor agregado. A produção na Zona Franca de Manaus deve avançar 38,8% no mesmo período, consolidando o polo como estratégico para o abastecimento nacional.

Apesar do crescimento, as assimetrias competitivas entre empresas dentro e fora da ZFM permanecem como desafio estrutural. O polo de Manaus se beneficia de incentivos fiscais que amortecem efeitos do câmbio, dos custos financeiros e da instabilidade macroeconômica. Já fabricantes de outras regiões operam sob maior exposição ao risco. “O risco Brasil amplifica nossos custos e reduz competitividade. A ZFM, por ter um colchão fiscal, absorve melhor a instabilidade, o que aumenta a distância competitiva entre os fabricantes”, destaca Rossini.

O impacto dessas diferenças é ainda mais evidente no segmento de bicicletas elétricas. Fora da ZFM, a tributação inviabiliza a produção competitiva. “Hoje, simplesmente não é possível produzir elétricas fora da ZFM com esses níveis de tributação”, afirma o executivo.

Mesmo diante das barreiras, o diagnóstico geral aponta para expansão contínua. Marcas regionais se fortalecem e a bicicleta, seja tradicional ou elétrica, consolida-se como alternativa de mobilidade para diferentes perfis de consumidores. O setor mantém trajetória de crescimento, com desafios estruturais que exigem ajustes regulatórios e estratégias de inovação para garantir competitividade em todo o território nacional.

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