Altos e baixos são acontecimentos naturais no curso de qualquer história. A quantidade de emoção escondida nos aclives e declives dessa montanha russa pode variar, mas estaremos sempre fadados aos estados efêmeros de espírito. Em “The Rise And Fall Of Beeshop”, esses humores têm durações entre 3 e 4 minutos, em média. Lucas Silveira, que se tornou nacionalmente conhecido como a figura à frente do Fresno, multipremiado conjunto que já soma 10 anos de vida, encontrou tempo no final de 2009 para conceber - do primeiro ao último acorde - um álbum paralelo, conceitual e em inglês. Sob o codinome de Beeshop, ele apresenta o seu “The Rise And Fall Of Beeshop” (Arsenal / Universal), que foi integralmente escrito, produzido e (quase) integralmente gravado pelo próprio, no Na Mata Café, dia 08 de setembro.
O conceito do disco é justamente o de narrar em 13 capítulos pequenas histórias que não são cronologicamente contadas, mas que, ao se observar a obra por inteiro, pintam pequenos retratos de dias bons e ruins. Beeshop conta, com um saudosismo peculiar, que o amor verdadeiro está acabando ("Lovers Are In Trouble", que parece ter saído diretamente de um musical da Broadway nos anos 50), que está apaixonado por uma garota que leva um estilo de vida totalmente diferente do seu (na balada folk "You Taste Like Cookies"), reclama da inconstância dos relacionamentos casuais ("Come And Go"). Lucas ainda se permite experimentar em devaneios operísticos em "Driving All Night Long", uma singela carta de um cara que faz de tudo e não recebe nada em troca, numa roupagem que remete a um Sgt. Peppers contaminado por A Night At The Opera. "Rockstars and Cigarettes", que flerta com Johnny Cash e conta com a participação de Amon Lima (Família Lima) no violino, é sobre um rapaz que acabou de passar dessa pra uma melhor, narrada em primeira pessoa.
Tamanha colcha de retalhos poderia soar esquizofrênica, mas as músicas se conectam, mesmo quando poucos segundos separam uma balada piano-e-voz que lembra um jovem Elton John ("All I Need") de um rock indie pulsante pronto pra balada ("I Was Born In The 80s"). É que o disco inteiro é embalado numa mixagem de sonoridade macia, quente, boa de se ouvir, daquelas que a gente esquece no CD player do carro e deixa rolando por meses a fio. Dessa forma, as ascensões e quedas da vida de Beeshop soam tão naturais quanto o passar dos nossos dias. De repente, a gente abre um sorriso e começa a pensar que as coisas vão melhorar, mesmo quando a voz de Lucas ganha emoções mais carregadas, nos refrões mais exaltados ("I'm Sorry" e "Mr. Confusion).
Enfim, The Rise And Fall Of Beeshop é um suspiro indie de um rockstar do mainstream. Praticamente tudo aponta para um lado oposto: as experimentações e o idioma em que as músicas são cantadas. O disco, então, serve como uma enorme válvula de escape criativa, onde ele despeja suas memórias, ascensões, quedas, influências e as pirações mais despretensiosas. E é justamente a falta de pretensão que transforma o disco numa brisa de inovação no pop nacional, mesmo que em inglês. E o resto do mundo é logo ali.
SERVIÇO
Show Beeshop
NA MATA CAFÉ
Endereço: Rua da Mata, 70
Fone para reserva: 11 3079 0300
Capacidade: 250 (Pista, Mezanino Pista, Restaurante, Mezanino Restaurante)
Censura: 18 anos
Data: Dia 08 de setembro – quarta-feira
Horário: 23h30
Abertura da Casa: 20h
Preço: R$30
Aceita todos os cartões de débito e crédito.
Acesso para deficientes.
Ar condicionado.
Estacionamento: Valet – dia R$ 12,00 e noite R$ 15,00
Homepage: www.namata.com.br
.jpg)
.jpg)