31 de janeiro de 2011

DIVAS - ARTE DE ARMAR, ARTE DE AMAR


A partir de 7 de fevereiro no Espaço Cultural Citi da Avenida Paulista


Vênus de Milo se transforma em Marilyn Monroe, o pop de Lichtenstein encontra o pavor de Hitchcock, Shirley Temple é uma das meninas de Velázquez. É nesse ambiente de sonhos das artes, povoado por imagens de mitos femininos, que se desenvolve o trabalho do pintorNeto Sansone. As nove amplas telas, 1,50m x 3m, trabalhadas com tinta acrílica, que mostrará em Divas – Arte de Armar, Arte de Amar, com curadoria de Jacob Klintowitz, exploram as semelhanças entre os mundos das artes plásticas e do cinema.


O paulistano Neto Sansone é artista plástico, publicitário e editor com atuação no mercado das publicações segmentadas. Duas mostras realizadas anteriormente em São Paulo, no MuBE e na Cultural Blue Life, abordavam o mesmo tema: o das Divas absolutamente distintas que convivem em perfeita harmonia em um novo universo, o das telas de Sansone. Nelas, lado a lado, surgem a Maja Desnuda de Goya & Kate Winslet de Titanic; as já citadas Vênus de Milo & Marilyn Monroe, a loira de Roy Lichtenstein & Janet Leigh em Psicose; As Meninas de Velázquez & Shirley Temple; o cubismo de Picasso & a incrivelmente cubista Rossy de Palma, a atriz de Almodovar, entre outras.


A exposição Divas – Arte de Armar, Arte de Amar vai ocupar o Espaço Cultural Citi, a galeria de arte da Avenida Paulista, entre 7 de fevereiro e 25 de março.


O Espaço Cultural Citi é uma galeria pública visitada mensalmente por cerca de 50 mil pessoas que trafegam pela Avenida Paulista e região. O espaço mantém a sua vocação de mostrar obras de arte no centro vital de São Paulo. Desde 2005, passaram por ali as obras de nomes consagrados, como Rubens Gerchman, Luiz Paulo Baravelli, Gregório Gruber, Romero Britto, Newton Mesquita, Odetto Guersoni, Ivald Granato, Takashi Fukushima, Caciporé Torres, Sérgio Lucena, Antonio Peticov, Maurício de Sousa, Claudio Tozzi, Marcello Nitsche, Odilla Mestriner, Aldemir Martins e Shoko Suzuki, além de jovens que se firmam como Luciana Maas, Maurício Parra, Carola Trimano e Manu Maltez.


O Espaço Cultural Citi (Av. Paulista, 1111, térreo, fone 11.4009.3000) fica aberto para visitação de segunda a sexta-feira, das 9 às 19 horas; aos sábados, domingos e feriados, das 10 às 17 horas. Acesso a pessoas com deficiência física pela Alameda Santos, 1146. A entrada é gratuita.

Mais informações sobre o CitiBrasil em www.citi.com.br / flickr.com/CitiBrasil e no Twitter @CitiBrasil


Divas. Jogo de armar, jogo de amar, por Jacob Klintowitz

Alguns artistas são movidos pelo desejo de guardar para sempre um raio de luz. Neto Sansone constrói, de maneira permanente, a memória de sua emoção e utiliza para isto a sombra da mulher amada com a qual nunca esteve, mas que sempre esteve nele como modelo no plano das idéias perfeitas. O que o move senão a vontade de ter nas mãos um pouco do sol e, diante dos olhos, o desenho que adivinhou no espelho embaçado da água?


O que impressiona, antes de tudo, em Neto Sansone é ele organizar duas memórias ficcionais, uma feita de luminosidade no escuro, outra feita de ícones de uma geografia psíquica. Sempre a presença do feminino, corporificado em imagens conhecidas e distantes, polaridades reiteradas. Primeiro, a mulher na projeção cinematográfica, heroína sutilizada, protótipo de emoções e aventuras, idealizada, imaterial e remetida à nossa imaginação.


E, se a primeira das figuras femininas é feita de sonho e imaterialidade, a segunda figura, retirada da história da arte e da ação de artistas seminais, é feita de pura materialidade, pois a pintura é concretitude. Na pintura, antes do feminino, temos a própria pintura, com as suas exigências formais, a sua filiação sensível, o significativo percurso do pintor, a resposta à determinadas questões de época.


É provável que para Neto Sansone, a junção destas duas formas de significação, antípodas em princípio, se torne uma única forma, feita de sonho e peso, vôo sideral e gravidade. É esta junção, do retrato luminoso ao peso autoral, que organiza o diálogo do artista Neto Sansone com a sua história pessoal, a de homem contemporâneo e visitante da história da arte.


Neto Sansone despe os seus personagens das cores originais, a carnalidade cinematográfica e o cromatismo pictórico. E os pinta em cinzas, pretos e brancos, tornando-os seus e habitantes de seu sonho. E os coloca lado a lado, em relações que podemos adivinhar, por vezes, ou conservam o seu enigma.


Uma mulher feita de projeção, outra mulher fixada em óleo sobre tela. Primeiro, as mulheres dos filmes, pura luz e movimento. Depois, as mulheres nas simbólicas e estáticas pinturas. Tanto num caso, quanto no outro, Sansone retira a cor, o histórico do trabalho referente, e o transforma no seu universo de sombras, luzes e ficção. Ele sugere que se trata de construção, jogo de armar, jogo de amar.

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