2 de novembro de 2021

Segredos automotivos, o que o atraia e seduzia o público nos anos 70




Assim como é hoje com o lançamento de um novo modelo de iPhone, todos ficavam aguardando o que a indústria automotiva brasileira iria lançar nos anos de 1960 e 70.


Tenho certeza de que os jovens nem conseguem imaginar como era isso e devem se perguntar como podia um produto como um novo modelo de automóvel despertar tanto interesse e mobilizar a imprensa.

Mas era isso que seduzia as pessoas.

Entre os vários segredos que revelamos e momentos de adrenalina que passamos um deles foi, em agosto de 1971, o do novo Chevrolet Opala, na versão de duas portas, em plena Praça América, na saída do Clube Harmonia, no Jardim Paulista, em São Paulo.


Eu soube que a GM terminava uma sessão de fotografias no interior do clube e que no dia seguinte o carro seria transportado de volta à fábrica.

Com o fotógrafo Oswaldo Luiz Palermo montamos plantão na praça e, realmente, um caminhão tipo prancha saiu do clube com o carro sobre a carroceria. Coberto por uma lona, foi estacionado num canto da praça, provavelmente à espera de alguém ou de alguma providência burocrática.

Com isso, tive a oportunidade de analisar como estava feita a cobertura e os nós da corda que mantinha a lona presa ao carro.

Minha ideia era, ao longo da viagem, num semáforo ou num ponto sem muito movimento, subir na prancha com o cuidado de não ser visto pelo motorista ou acompanhante e tentar descobrir o carro para as fotos do Oswaldinho. Mesmo com a presença de funcionários em volta do carro, pude perceber como o nó havia sido feito, onde estava preso e como eu poderia, rapidamente, livrar o carro da lona.

O dia estava nublado. Por sorte, de repente começou a chover. Para se abrigar, os funcionários correram em direção ao portão do clube, onde havia uma cobertura. Foi a oportunidade que eu precisava. Enquanto eles deram as costas para o caminhão, subi na carroceria e segui o roteiro planejado. Em segundos, desamarrei a corda e consegui tirar a lona. Quando o grupo chegou ao portão do clube, percebeu a nossa ação. Os funcionários voltaram correndo, mas era tarde. O Oswaldinho já havia feito as fotos de um Opala Cupê vermelho, que motivou a primeira manchete de capa do Jornal da Tarde da revelação de um segredo da indústria automobilística. Nas fotografias, o Oswaldinho registrou que eu terminava de descobrir o carro e o momento em que eu descia do caminhão, enquanto os funcionários da GM chegavam em outro carro para tentar impedir a nossa ação.

Era o primeiro Opala Cupê, lançado no final de 1972 que marcava uma renovação da linha de automóveis da General Motors. A maior atração era o modelo SS, com estilo afilado, rodas de desenho esportivo, bancos dianteiros individuais, motor de 4.100 cm3, com torque e potência superiores ao original 3.800 cm3, câmbio de 4 marchas, com alavanca de mudanças no assoalho, freios a disco nas quatro rodas. E, para consolidar a esportividade que desejava, uma lista de cores atraentes e modernas.

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