9 de maio de 2025

Mulheres celebram o “Dia das Mães” como mães de pets




A data mobiliza reflexões sobre maternidade, afeto e novos arranjos familiares afetivos


Texto: Sérgio Dias
Fotos: Pexels

Comemorado no domingo, 11 de maio, o Dia das Mães motivou reflexões sobre a diversidade das formas de vínculo afetivo, especialmente entre mulheres que se consideram mães de animais de estimação. A ação de comemorar a data mesmo sem filhos humanos ganha visibilidade com o aumento do número de tutoras que se identificam como mães de pets.


A origem do Dia das Mães no Brasil remonta a uma decisão de governo. Há 92 anos, a efeméride foi instituída por Getúlio Vargas como forma de homenagem à figura materna. No entanto, a celebração já ocorria anteriormente em outros países. Nos Estados Unidos, o reconhecimento oficial veio em 1910, no estado da Virgínia, em memória da ativista Ann Maria Reeves Jarvis.

No Brasil, a ampliação do conceito de maternidade neste período tem gerado discussões sobre o papel de tutoras de pets. A motivação central é a construção de um vínculo emocional semelhante ao da maternidade tradicional, apesar da ausência de laços biológicos.


Muitas dessas mulheres assumem responsabilidades com alimentação, saúde, bem-estar, comportamento e segurança dos animais. O modo como essas ações se desenvolvem reflete padrões comuns à criação de filhos humanos, com dedicação cotidiana e investimento emocional.

“Ser mãe de pet é abraçar um amor que não fala, mas diz tudo. É ter carinho nos silêncios, companhia nos dias calmos ou difíceis, e um coração que se doa sem jamais pedir retorno”, afirma Acássia Rossini, que se considera mãe de pet.

Do ponto de vista comportamental, profissionais das áreas da saúde mental e da medicina veterinária explicam que o vínculo formado entre humanos e animais pode ativar estruturas neurológicas relacionadas ao apego e ao cuidado. Isso ocorre por meio da convivência contínua e da troca de estímulos afetivos.

A maneira como cães e gatos reconhecem seus tutores também contribui para a percepção de maternidade por parte das mulheres. Esses animais costumam associar a figura humana que os alimenta, protege e oferece companhia com um referencial de segurança, o que reforça a sensação de responsabilidade e afeto por parte da tutora.

Embora o termo "mãe de pet" ainda seja alvo de contestação, especialistas avaliam que essa identidade pode funcionar como forma de reconhecimento pessoal e social. Em muitos casos, trata-se de uma escolha por novas formas de se relacionar, por impossibilidade ou opção de não ter filhos humanos.

Há ainda um componente cultural que influencia a recepção da ideia. Em determinados contextos, essa autodeclaração é questionada por contrariar padrões tradicionais de maternidade. Por outro lado, há segmentos sociais que reconhecem a validade da experiência emocional, mesmo que não se configure como maternidade no sentido biológico.

Para Acássia Rossini, a experiência é baseada na presença contínua e no afeto recíproco. “É ter carinho nos silêncios, companhia nos dias calmos ou difíceis, e um coração que se doa sem jamais pedir retorno”, reforça.

A percepção pública sobre o tema tem passado por mudanças graduais. O número crescente de tutoras que reivindicam esse espaço simbólico indica transformações nos modos de viver e expressar afeto. Apesar disso, a aceitação plena do termo "mãe de pet" ainda depende da superação de estigmas que deslegitimam experiências fora dos modelos familiares convencionais.

Neste contexto, o Dia das Mães de 2025 evidencia não apenas uma data comemorativa, mas também uma oportunidade para refletir sobre a multiplicidade de formas de cuidado. A ação de celebrar como mãe, mesmo sem filhos humanos, destaca a presença de afetos legítimos que atravessam fronteiras entre espécies e ampliam o entendimento do que significa maternar.

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