21 de abril de 2011

A Minha Versão do Amor


Comédia romântica? Não mesmo.

Inúmeras vezes pessoas querem puxar nosso tapete dizendo mentiras às nossas custas por inveja ou, na maioria das vezes, a preço de nada. Como se defender nesta situação? Como fazer as pessoas acreditarem em você? Ao bater o olho no título do filme, logo pensamos que é uma comédia romântica estrelada por Julia Roberts ou por nossa Miss Simpatia Sandra Bullock. Mero engano.

Dirigido por Richard J. Lewis e baseado no premiado e derradeiro romance da carreira do escritor canadense Mordecai Richler A Versão de Barney, A Minha Versão do Amor (Barney’s Version, 2010) se desenrola em torno de Barney Panofsky (Paul Giamatti), um homem normal e bem sucedido que trabalha numa emissora de TV (Totally Unnecessary Productions), que conta a sua versão dos fatos ocorridos em sua vida nas últimas quatro décadas.  A dramédia com boas sacadas que lembram as páginas do romance não é exatamente o que o título sugere: Barney conta não a sua versão do amor e sim a versão de sua vida. Ele revisita de forma humorada os três casamentos, as loucuras, o relacionamento agradável com o pai, brilhantemente interpretado por Dustin Hoffman (A Primeira Noite de Um Homem, Todos os Homens do Presidente), etc.

Barney é obrigado a contar a sua versão da história porque seu desafeto, o detetive O’Hearne (Mark Addy), acaba de lançar um livro contando todos os seus podres comprometedores do passado como esquemas empresariais que o levaram ao sucesso e o possível assassinato do melhor amigo Boogie, interpretado por Scott Speedman. Ele se embaralha na hora de contar a história, o que torna a narrativa cada vez mais interessante.

Quanto suas esposas: a primeira senhora Panofsky é Clara (Rachelle Lefevre), uma mulher livre e infiel que ele conheceu durante sua vida boêmia em Roma nos anos 70. Ao vontar pra Montreal, conhece a segunda senhora Panofsky (Minnie Driver), uma fútil e falante judia consumista que nem liga pra falta de atenção do marido. Durante o casamento, ele conhece a terceira e definitiva senhora Panofsky, por quem ele se apaixonou perdidamente: Miriam (Rosamund Pike). Barney tenta algo com ela, mas ela o rejeita. Ele insiste em cima dela, mandando uma floricultura inteira pra ela em Nova York e, ainda assim, nada. Depois, ao ver sua esposa judia na cama com o melhor amigo Boogie, ele exige o divórcio. Nenhum homem ficou tão feliz ao ver sua mulher na cama com outro como ele ficou. Então, Barney Panofsky finalmente se casa com Miriam e constituem uma família.

Sua história, contada com sinceridade, é cheia de reviravoltas e ele até chega a admitir seus defeitos, o que provoca uma leve irritação a quem assiste. Se o espectador deve ou não acreditar em tudo que Panofsky fala, isso vai do critério de cada um. Por mais que tenha cometido erros, é trágico constatar que seu casamento mais duradouro e feliz tenha acabado de uma forma tão cretina e sem sentido. O final do casamento misturado ao mal de Alzheimer sela o (injusto) castigo. É disso que se trata a vida de Barney Panofsky: uma vida brilhante interrompida com falhas que certamente moldaram o seu futuro de uma maneira trágica.

Por Felippe Alves 

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