Especialistas alertam para o impacto da negligência vacinal na mortalidade de cães e gatos
Texto: Sérgio Dias
Fotos: Freepik
A morte precoce de cães e gatos por doenças infecciosas continua sendo uma realidade em diversas regiões do Brasil. O problema, segundo especialistas, está diretamente ligado à ausência de vacinação preventiva, especialmente em filhotes e adultos que não recebem acompanhamento veterinário regular. Embora existam avanços na medicina veterinária, milhares de animais ainda morrem anualmente por enfermidades que poderiam ser evitadas.
A ação preventiva por meio da imunização é considerada a forma mais eficaz de reduzir a mortalidade entre pets. De acordo com Ana Elisa Arruda Rocha, médica veterinária e professora do curso de Medicina Veterinária do UniCuritiba, a vacinação associada a cuidados clínicos adequados pode alterar significativamente o cenário atual. “Apesar dos avanços na medicina veterinária, milhares de cães e gatos ainda morrem anualmente no Brasil por doenças que poderiam ser prevenidas com a vacinação”, afirma.
Entre os cães, a cinomose e a parvovirose estão entre as principais causas de óbito. A parvovirose, altamente contagiosa, é responsável por quase metade das mortes de filhotes não vacinados nos primeiros meses de vida. Já a cinomose apresenta taxa de mortalidade ainda superior em casos não tratados, podendo deixar sequelas mesmo quando há intervenção médica. Nos gatos, a leucemia viral felina (FeLV) e a panleucopenia felina são as doenças mais preocupantes. “A vacinação é uma forma eficaz de prevenção de doenças. O problema é que negligenciam esse cuidado e só buscam ajuda quando o animal já está em estágio crítico”, comenta Ana Elisa.
A ausência de informação por parte dos responsáveis e a dificuldade de acesso a serviços veterinários básicos são fatores que agravam o quadro. Em algumas cidades, campanhas públicas de vacinação gratuita contra a raiva são realizadas periodicamente, mas outras imunizações essenciais não recebem a mesma atenção. “Apesar das dificuldades, vacinar será sempre mais seguro e menos oneroso”, reforça a professora.
O custo da vacinação preventiva é considerado baixo quando comparado ao tratamento de doenças já instaladas. “Nesses casos, além da consulta, serão necessários exames, medicamentos, internação e, em alguns casos, UTI veterinária. O tratamento pode ser longo, oneroso e sem garantias de sucesso”, explica Ana Elisa. A recomendação é que os protocolos vacinais sejam individualizados, levando em conta idade, espécie, raça, estilo de vida e condição de saúde dos animais.
Para orientar os tutores, o médico veterinário Luís Felipe Kühl, professor e responsável técnico da Clínica Escola de Medicina Veterinária do UniCuritiba, destaca as vacinas indispensáveis. “Vacinar é um gesto de amor e de responsabilidade”, afirma. No caso dos cães, a vacina polivalente (V8 ou V10) protege contra cinomose, parvovirose, leptospirose, entre outras. Pode ser aplicada a partir dos 42 dias de vida, com reforço anual após a fase inicial. A vacina antirrábica é obrigatória em muitas regiões e deve ser administrada a partir dos quatro meses de idade. Já a vacina contra o Complexo Respiratório Canino é indicada para animais que frequentam ambientes com alta circulação de outros cães.
Para os gatos, a vacina polivalente está disponível em versões V3, V4 e V5, com proteção contra panleucopenia, rinotraqueíte, calicivirose, clamidiose e leucemia viral felina. O protocolo vacinal deve ser iniciado nos primeiros meses de vida, com reforço anual. A vacina antirrábica também é obrigatória para felinos.
A adoção de protocolos vacinais completos e atualizados é apontada como medida essencial para evitar a disseminação de doenças e garantir a longevidade dos animais domésticos. A orientação dos profissionais é clara: a prevenção por meio da vacinação é o caminho mais seguro para proteger cães e gatos de enfermidades graves e fatais.
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